quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Cirurgia de 51 horas esgota banco de sangue de Londrina

Uma cirurgia que durou 51 horas, no Hospital Evangélico de Londrina (PR), esgotou o banco de sangue da cidade. De acordo com o hospital, o procedimento teve início às 7h30 de 28 de julho e terminou às 10h30 do dia 30.O paciente utilizou 400 bolsas de compostos sangüíneos, o equivalente a trocar 20 vezes todo o sangue do corpo. O cirurgião cardíaco que realizou a cirurgia, Francisco Gregori Júnior, 60 anos, contou com a doação de sangue de amigos e familiares para finalizar a operação. Ainda de acordo com o hospital, o gerente de vendas Onivaldo Cassiano, 49 anos, agora salvo, era portador de um aneurisma na aorta, principal irrigação sangüínea do corpo. De causa indefinida, a anomalia levaria o paciente a uma ruptura do órgão. Durante a cirurgia, a equipe trocaria a aorta e a válvula cardíaca. Após as intervenções, por causa de um problema no fígado, Cassiano sangrava intensamente sem coagulação. Com 36 horas de cirurgia, com a equipe exausta e sem encontrar outra saída, o médico reabriu o paciente e refez todas as ligações, utilizando uma técnica que chamou de marmorização, com a aplicação de uma cola biológica. “Em vez de usar as técnicas convencionais, decidi cobrir todas as junções de tecido com o coração com uma cola biológica”, diz o médico ao G1. O sangramento diminuiu, mas ainda não havia coágulo. A equipe se revezou por mais de 15 horas, sem sair do centro cirúrgico, segurando o tórax aberto de Cassiano com as mãos, enquanto compressas tentavam conter a hemorragia. “Na hora que começou a chegar sangue fresco, depois de esgotado o estoque da cidade, a coagulação veio mais fácil. Nessa hora, eu sabia que ia coagular e era isso o que nos impulsionava a continuar apesar do cansaço. A cada momento aparecia uma esperança nova e hoje estou orgulhoso porque, como cirurgião, vivemos de insucessos e sucessos”, diz Gregori Junior. Depois de dez dias de UTI e com lenta recuperação, Cassiano passa bem, mas ainda não foi liberado do hospital. “Ele ainda requer cuidados, mas está ótimo. Ele é um homem muito forte para agüentar tudo isso”, afirma. Há 11 anos, Gregori surpreendeu a medicina ao estancar uma hemorragia no coração de uma paciente com cola Super Bonder. Neste caso, segundo o médico, se não fosse usada uma cola biológica, a quantidade de cola Super Bonder poderia lesar o tecido nervoso do paciente.


Do Portal G1

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