sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Google aperta o cinto para enfrentar a crise

Deu no Jornal do Commercio de hoje: As expectativas sombrias para o mercado de publicidade este ano, principalmente nos Estados Unidos, fizeram com que o Google começasse a apertar os cintos. Atualmente, 97% da receita do grupo tem origem na venda de anúncios, e o crescimento da empresa vem se desacelerando no último trimestre, o que tem levado o Google a revisar projetos e reduzir gastos. David Fischer, vice-presidente de Operações e Vendas Globais Online do Google, que esteve no Brasil em dezembro, garante que, na essência, a companhia não mudou. “O que mudou foi a forma como tratamos algumas atividades cotidianas”, disse o executivo. “Temos consciência de que os próximos meses serão mais desafiadores que um ou dois anos atrás. A coisa responsável a fazer é tomar algumas medidas para garantir que gerenciamos nossos orçamentos responsavelmente. Quando a economia melhorar, temos de estar prontos.” O Google sempre foi conhecido pela falta de pressa em transformar a audiência de seus produtos em receita. Isso está mudando.
Produtos como o site de relacionamentos Orkut e o Google Finance, um serviço de informações financeiras, que tinham muito tráfego e nenhuma fonte de receita, começaram a mostrar anúncios. “Isso não é um resultado direto da situação financeira”, afirmou Emily White, diretora de Operações e Vendas Globais Online do Google, que também visitou o Brasil. “Tem a ver com a posição da empresa de estar constantemente inovando e experimentando.”
Outros serviços do Google que não alcançaram sucesso de audiência, como o SearchMash, um serviço de busca em que a empresa testava novas fórmulas, e o Lively, uma espécie de mundo virtual, no estilo Second Life, foram encerrados. “Em qualquer produto, nós buscamos oferecer uma grande experiência para o usuário”, disse Fischer. “Gerar receitas vem em segundo lugar. Em produtos como Google Finance, como busca de imagens, como YouTube, começamos a focar mais na geração de receitas e esses anúncios melhoram a experiência do usuário, ao oferecerem conteúdo relevante e útil. Isso é algo que sempre fizemos e que vamos continuar a fazer, mas que atrai mais atenção num momento como este.” A crise atual é a primeira grande turbulência enfrentada pelo Google desde a sua abertura de capital, em 2004. As ações da empresa, que chegaram a valer US$ 741,79 em novembro de 2007, fecharam 2008 valendo menos da metade disso - US$ 307,65. A mudança de comportamento do Google já começa a ser sentida pelos funcionários: a empresa anunciou corte de empregados terceirizados, reduziu o horário de funcionamento das lanchonetes que oferecem comida grátis e, no lugar dos bônus em dinheiro, que chegavam a US$ 30 mil, deu de presente de fim de ano a seus funcionários um celular G1, da HTC, que roda software do Google e é vendido a US$ 180 pela T-Mobile. Os empregados brasileiros não ganharam o telefone, por questões legais. Para o Brasil e a América Latina, a expectativa para o mercado de publicidade online ainda é de crescimento, apesar da crise.

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