O prefeito reeleito de Sairé, localizado a 95 quilômetros do Recife, Everaldo Dias (PTB), foi denunciado por três funcionários da prefeitura do município por racismo e agressão. De acordo com as denúncias, Everaldo procurou as vítimas e fez uma espécie de cobrança por elas não o terem apoiado na campanha contra o candidato Fernando Pergentino (PSB) - o petebista ganhou por uma diferença de 697 votos. O primeiro caso aconteceu dois dias depois da eleição. Enquanto trabalhava na unidade mista Olívia Mendonça Souto Maior, o técnico em enfermagem Erivan José de Lima foi surpreendido com a presença do prefeito na sala de curativos no horário da tarde. Erivaldo proferiu uma série de xingamentos, mandou Erivan tirar a bata e o expulsou do hospital. 'Disse que eu era traidor, safado e outras coisas que não consigo me lembrar. Prestava serviço ao município e meu contrato terminaria em dezembro. Depois que ele me expulsou, não voltei ao trabalho', contou. A segunda agressão foi contra a professora Adriana Maria Batista. Everaldo Dias foi até o colégio municipal São Miguel, por volta das 10h30 da manhã do último dia 10, onde Adriana dava aula de Geografia para a turma da 6ª série. Cerca de 35 adolescentes teriam presenciado a cena. No corredor do prédio, o prefeito abordou a professora e disse que gostaria de conversar com ela. Ouviu como resposta que ela não poderia atendê-lo porque estava em horário de aula. Adriana se dirigiu à sala e o prefeito se antecipou. À porta, acusou-a de tê-lo chamado de ladrão. 'Afirmei que tinha dito que ele desvia verbas do município', declarou. Segundo Adriana existem várias denúncias de mau uso dos recursos públicos de Sairé, constatadas inclusive em uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU). 'Eu mesma levei esse relatório para o Ministério Público Federal em Caruaru', acrescentou. O prefeito a xingou aos gritos de 'neguinha safada, bandida, baixa e favelada'. A professora, então, abriu a porta da sala e disse aos alunos: 'Olha quem está aqui, o prefeito de baixo nível que vocês elegeram. Vejam o que ele está fazendo comigo'. Em seguida, ela entrou na sala e foi seguida por Erivaldo, que puxou o cabelo e empurrou a cabeça dela.
Desde lá, Adriana faz uma jornada pelas instituições estaduais para que estas tomem providência contra o prefeito. Ela prestou queixa na delegacia de Sairé por crime de racismo e agressão verbal e física. Também foi à comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - secção Pernambuco (OAB-PE), ao Ministério Público e à Ouvidoria da secretaria estadual de Segurança Pública. No mesmo dia, oprefeito convocou o motorista concursado Severino Ramos Campos para ir ao seu gabinete e, depois de uma 'conversa', em que avisou que colocaria um vigia para acompanhar Severino, deu uma gravata no servidor e o arranhou com as unhas. Procurado pelo Diario, o prefeito disse que estava fora da cidade e que não iria comentar o assunto, porque não tinha tomado conhecimento dos fatos oficialmente.
Do Diario de Pernambuco
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
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