sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Jovem curado da raiva deixará UTI
Depois de 110 dias de isolamento numa Unidade de Terapia Intensiva, Marciano Menezes voltou a ver o mundo. Numa cadeira de rodas, com sondas no corpo, mas respirando sem aparelhos, ele percorreu na manhã desta quinta-feira o corredor que separa a UTI de uma das alas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no Recife. O garoto do Sertão pernambucano, primeiro brasileiro sobrevivente de raiva, sorriu ao ver as plantas, experimentou um pedacinho de bolo e fez cara de choro quando teve que voltar ao leito. O passeio foi um presente no dia em que completou 16 anos e um sinal de que o adolescente vence a cada mês mais uma etapa da recuperação.“Nossa expectativa é transferi-lo segunda ou terça-feira para a enfermaria”, informou o chefe da UTI de doenças infecciosas, Gustavo Trindade, que coordena o tratamento inovador, responsável pela sobrevivência do adolescente. Segundo o médico, Marciano evoluiu bastante desde novembro, quando foi confirmada a cura da raiva. Mas ainda tem limitações motoras importantes, como contratura muscular no braço e perna esquerda. Ele não move as pernas e faz poucos movimentos com os braços. Portanto, não consegue andar. Também não fala, mas emite sons.As reações de Marciano e os exames indicam que as sequelas são principalmente resultantes de lesões na medula. Gustavo Trindade e o infectologista Vicente Vaz, que também participa da equipe, acreditam que a consciência do garoto foi recuperada. “Ele entende quando falamos”, diz Vicente Vaz, que comprou um rádio para estimular o paciente com música. Gustavo Trindade enumera sinais da boa recuperação de Marciano: “Ele pisca os olhos, abre a boca, vira a cabeça e deglute, atende quando pedimos que faça determinados gestos”. Embora não fale, Marciano emite sons quando o tubo da traqueia é temporariamente retirado. O aparelho ainda está sendo mantido para evitar que a saliva seja aspirada para os pulmões e ajudar na remoção de secreções dos brônquios, o que previne infecções. A equipe médica tem esperanças de que Marciano volte a andar e falar, mas sabe que só o tempo vai dizer se é possível. O emagrecimento estacionou e as infecções cessaram.A ida para a enfermaria deverá trazer benefícios ao estado emocional, pois também ficará em contato mais permanente com os familiares. O objetivo é encaminhar o garoto ao Hospital de Reabilitação Sarah Kubitschek, em Brasília. Biopterina, droga importada e que ajuda o metabolismo no cérebro, tem sido o diferencial na recuperação do adolescente. O tratamento, que incluiu outros medicamentos no início da hospitalização, é inspirado em experiência do médico Rodney Willoughby, que curou uma estudante de 15 anos, nos Estados Unidos, em 2004. Ele virá ao Recife no próximo dia 10, para ajudar o Brasil a elaborar protocolo de tratamento. Marciano desenvolveu raiva porque foi mordido, em setembro, na zona rural de Floresta, Sertão, por um morcego infectado e não recebeu soro antirrábico
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