O contorno urbano da BR-101 no Grande Recife, entre os municípios de Igarassu e Jaboatão dos Guararapes, não condiz com a imponência da rodovia, considerada a maior em extensão do País. Os 40 quilômetros da via são o retrato da degradação e do perigo. Em muitos pontos, virou uma montanha russa. Quem trafega por ela entende a comparação. Nos últimos dias, o desnível do pavimento provocou acidentes e tirou vidas. Em uma semana, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas em dois acidentes. Nos dois casos, os sobreviventes relataram ter sido surpreendidos por falhas nas pistas.A precariedade do contorno urbano da BR-101 não é de hoje, mas ganhou evidência por causa dos acidentes recentes. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) atesta o desgaste que a área vem sofrendo há alguns anos. Embora o número de buracos tenha diminuído com a retomada do contrato de manutenção do perímetro, no ano passado, as crateras terminaram substituídas por armadilhas.“Meu filho morreu exatamente por isso. O motorista que dirigia o carro, um taxista amigo que não bebe nem fuma, perdeu o controle do veículo, porque bateu num desses desníveis, capotando em seguida e caindo de uma parte alta. Infelizmente, é assim. Nós é que perdemos os nossos, sem que os responsáveis pela rodovia sejam punidos”, critica o cozinheiro José Luiz das Chagas, pai do cobrador Luiz Adriano das Chagas, 25 anos, que, devido à pancada, teve traumatismo craniano e morreu na hora.Quem trafega pelo contorno urbano da BR-101 comprova sem dificuldades o que afirmam motoristas e a PRF. A estrada não tem acostamento. Onde existe o resto dele, os buracos predominam. São tão grandes que alguns motoristas de ônibus evitam parar perto das paradas. O desnível, provocado pelo velha solução econômica de jogar asfalto sobre as placas de concreto, transformou a rodovia num grande perigo. Principalmente no trecho Norte, as falhas parecem ‘sugar’ os carros, fazendo com que deslizem na pista.“Realmente, essas falhas no pavimento são perigosas. Se o motorista estiver, por exemplo, com excesso de velocidade, o desnivelamento faz com que perca a tangência, contribuindo para os acidentes”, afirma o inspetor da PRF Éder Romel. Além da insegurança, o contorno urbano revela uma seqüência de flagrantes de abandono. Até um vaso sanitário pode ser encontrado em um dos canteiros da rodovia, nas imediações da Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife. Foi deixado no local por moradores acostumados a jogar lixo nas margens da estrada.No quilômetro 81, em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes, o canteiro central da BR-101 virou um lixão a céu aberto há mais de um ano, sem que nenhuma providência seja tomada para a retirada dos dejetos. Pedestres se misturam ao lixo para conseguir fazer a travessia. A degradação também é vista em vários outros pontos da rodovia. Da Guabiraba, na Zona Norte da capital, até Jaboatão, o cenário é de total descaso. O mato e o lixo se misturam ao que restou das defensas (protetores de ferro que separam as pistas do canteiro central). Ferros retorcidos estão espalhados por toda a via, chamando a atenção de quem passa. O mais grave é que o cenário é o mesmo há muito tempo.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
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